Um radar meteorológico traduz informações emitidas pela natureza em imagem, em dado plotado sobre um mapa. Topografia de nossos afetos prestes a ser lavada pelo fenômeno inevitável da chuva. Cores em RGB informam quais áreas da cidade poderão ser afetadas por deslizamentos e inundações nas horas que se seguem, em um Rio de Janeiro no qual as temperaturas aumentam a cada ano, os regimes de chuva se tornam mais imprevisíveis e o investimento público na remediação de desastres “naturais” precisa sempre crescer. Têm oito anos que eu trabalho com meteorologia e acompanho diante da tela de meu computador a aproximação dessas chuvas traduzidas por uma avançadíssima tecnologia mediadora humano-natureza, que me indica a nuvem pequena em azuis 61ddd6 e 459ae1, a nuvem mediana em verdes 44cc41 e em amarelos d1d23f e as tempestades dignas de alertas nos laranjas dfa53d e nos vermelhos d54e44. 

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A produção da série se deu com o uso do Photoshop, alterei as cores das imagens para as que são plotadas por radares meteorológicos, provoquei ruídos e aberrações cromáticas até a beira do colapso e no processo me dei conta do quão pequeno era meu controle. Os ruídos apareciam em zonas inesperadas, mas me guiei pelo princípio de nunca voltar atrás. Transpus para o processo a característica caótica e incontrolável da natureza que é mediada por essa nossa tecnologia de representação pictórica, natureza, tecnologia, a cidade do Rio de Janeiro e nossos modos de vida se misturam para alguém que aprendeu a ler o céu em cores RGB.